Daqui de dentro

Alguns dias são mais fáceis que outros. Têm aqueles que dá vontade de fazer tudo ao mesmo tempo, colocar em prática todo o planejamento da semana em 24 horas. Há aqueles que se alastram, parecem durar muito mais do que deveriam e nada sai do lugar. Uns prefiro passar de pijama, deitada, no máximo assistir um episódio de alguma série que não precise pensar muito. Outros que acordo debaixo do chuveiro, passo um café fresquinho, pratico meu “yoga pra iniciante” e consigo dar check em toda a lista de afazeres. 

Tem terça que vira domingo e sábado que vira segunda, depende da criatividade e da energia disponível. Tem arquivo que sai com sete páginas cheias de palavras que surgem automaticamente, conectando sentenças, deixando textos redondinhos. E tem aqueles que ficam em branco, não sai uma linha sequer. Alguns são realmente angustiantes e eu tenho dó de quem convive comigo – nesses costumo me fechar, foi a maneira que encontrei de não respingar minhas confusões naqueles em volta. Em outros eu queria poder abraçar o mundo.

A ansiedade vez ou outra toma uma proporção maior que de costume, aí é não esquecer de respirar e deixar com que as horas, dias ou semanas passem, até que ela volte a intensidade “normal” – porque a verdade é que ela nunca vai embora de vez. Existem dias em que a saudade aperta e a falta é dolorida, na maioria das vezes só passa dando uma choradinha, mas ok, estou aprendendo que chorar é mais positivo do que negativo – viva a terapia. 

Escrever qualquer coisa que não tenha relação com a faculdade ou o trabalho é um hábito que está voltando aos poucos, bem devagar, quase parando, mas está. Outra coisa que o distanciamento social me obrigou a aceitar: tudo tem um tempo e nunca é quando eu quero. De maneira geral, têm sido dias, semanas e meses de muito (auto)conhecimento, conexão e (re)encontro. 

Em alguns momentos achei que estivesse regredindo, e talvez estivesse, mas só porque coisas haviam ficado mal resolvidas. Já n’outros, era apenas uma busca interna por uma essência que ficou perdida pelo caminho e precisava, mais do que nunca, estar aqui. Apenas duas coisas nunca estiveram em falta durante todo esse tempo: o riso e a esperança. O primeiro sempre foi combustível para superar qualquer desavença (interna ou externa).

Nayara Caroline Rosolen

Deixe um comentário

Crie um website ou blog gratuito no WordPress.com.

Acima ↑